Mais do que um conceito que dita as formas que os médicos realizam atendimentos e práticas de saúde, a medicina baseada em evidências (MBE) é um elo que une essas práticas da medicina a uma boa pesquisa científica, ou seja, é a utilização de provas científicas existentes e disponíveis na atualidade, devidamente validadas, com a aplicação desses resultados na prática clínica diária.
O objetivo da MBE é aumentar a qualidade e eficiência dos serviços médicos disponibilizados à população, diminuindo consideravelmente os custos operacionais de prevenção, tratamento e reabilitação desses serviços. A Medicina Baseada em Evidências nasceu da necessidade de criação de uma abordagem mais sistêmica e confiável. Via de regra, existe uma variedade de caminhos que podem ser percorridos pelo profissional de saúde para ir do diagnóstico ao tratamento e esses caminhos dependem do país, da região, do hospital, do profissional. É importante ressaltar que nem sempre esses caminhos foram tão transparentes e rigorosos quanto deveriam, muitas vezes passavam por experiências prévias, conselhos de colegas, literatura científica de baixa relevância e validação. A MBE veio preencher essas lacunas e trazer uma maior segurança tanto para médicos como para pacientes.
Para colocar a MBE em prática, precisamos cruzar os dados relevantes de evidências científicas e as relações sociais dos pacientes. Para tal, temos 4 principais etapas a serem seguidas:
1 – FORMULAÇÃO DE UMA QUESTÃO CLÍNICA – através da avaliação dos sinais e sintomas relatados pelo paciente, o profissional deve chegar a um diagnóstico. Muitas vezes nos deparamos com uma série de exames possíveis, e para ser o mais assertivo possível, deve-se levar em consideração as informações do perfil do paciente; a intervenção desejada; comparações com outras abordagens e resultados, para formular uma questão específica que sirva de base para o profissional.
2 – BUSCA POR EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS – A partir do momento em que o profissional definiu a base da pesquisa a ser realizada, deve buscar as evidências científicas que respaldem o melhor caminho para o diagnóstico e tratamento do paciente. Essa busca é realizada em bancos de dados científicos com padrão universal, por exemplo MEDLINE, ACP Journal Club, SCIELO, junto a publicações médicas.
3 – AVALIAÇÃO DAS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS – Esta é a etapa em que validamos as informações obtidas. Os dados que passaram por revisões sistemáticas, por análises de ensaios clínicos randomizados, com níveis de evidência de maior graduação, serão sempre os dados que levam a menor chance de erro. Lembrando que não podemos desprezar as evidências com menor graduação, apenas devemos ter um olhar mais atento, lembrando que elas possuem uma menor força de conclusão.
4 – DECISÃO – A última etapa é a tomada de decisão, que leva em conta todo o conceito da MBE, junto ao desejo e opinião do paciente, aliando a boa relação médico-paciente às evidências científicas constatadas. É nesse momento que o profissional analisa cada caso com suas particularidades, para definir junto com o paciente e/ou sua família, o próximo passo a ser seguido.
A Medicina Baseada em Evidências trás vários benefícios. Desde um maior percentual de acerto no diagnóstico e no tratamento, passando pela integração da metodologia científica com as relações sociais e fazendo com que o paciente se sinta também responsável pela decisão final.
Isso contribui muito para a recuperação final do mesmo e para o desenvolvimento contínuo dos profissionais. A MBE nos ajuda e promove o incentivo a pesquisa, fazendo com que os profissionais médicos e a acurácia de sua técnica evoluam a cada dia.
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