Hoje vamos falar de um tipo específico de dor de cabeça associado ao uso da raquianestesia, a dor de cabeça pós-ráqui. Antes de qualquer coisa, é importante lembrar que os benefícios da utilização da anestesia durante a cirurgia superam as desvantagens de uma eventual dor de cabeça no pós operatório.

Este fenômeno acomete 0,4% da população em geral. Como já comentamos aqui em outros artigos, é importante pesquisar e se informar sobre os folclores em torno da utilização de determinados tipos de anestesia. Qualquer sintoma que o paciente venha a ter em decorrência do uso do anestésico intra cirúrgico é passageiro.

No caso da cefaléia pós-raquidiana, ela poderá aparecer no paciente operado em até 5 dias após a realização da anestesia – sendo que a maioria dos relatos ocorrem de 24 a 48 após a administração da mesma. A dor deve ser administrada com medicação de rotina (sempre sob orientação médica) e, se persistente, tende a desaparecer espontaneamente em, no máximo, duas semanas.

A maioria das pessoas acorda da anestesia sem queixas específicas. Mas estudos já realizados constaram que existe um grupo específico de indivíduos que apresenta uma tendência maior de apresentar dor de cabeça pós-raqui. É preciso dizer que a maior parte das pessoas a tomarem este tipo de anestesia são mulheres, devido ao bom desempenho da mesma em trabalhos de parto. Isso não significa que as mulheres sejam mais acometidas pela cefaléia pós-raqui, apenas que a amostragem de público feminino em estudos é superior ao do sexo masculino.

Pessoas de ambos os sexos, na faixa dos 18 a 50 anos são mais propensas a sofrer com o episódio, em especial aquelas com histórico de dores de cabeça recorrentes. Indivíduos com baixo peso (IMC abaixo de 25) e com pouca hidratação antes e após a cirurgia também estão nesta lista.

Ainda não se sabe exatamente porque esta dor de cabeça pode aparecer em algumas pessoas. Contudo, algumas teorias são criadas para tentar explicar o fenômeno. A mais bem aceita até o presente momento, é o extravasamento do líquido cefalorraquidiano. Isso acaba diminuindo a pressão no local e “confundindo” o cérebro, que promove um deslocamento da percepção da dor.

Se você está no “grupo de risco” de pessoas propensas a terem este sintoma pós-operatório, converse com o seu médico anestesista antes da realização da cirurgia. Ele certamente saberá indicar a melhor opção para o seu caso, de acordo com o porte da cirurgia a ser realizada.

Tendo você optado pela raquianestesia, saiba que, caso as dores de cabeça apareçam, a melhor posição para o controle da dor é a horizontal. Beber bastante líquido também ajuda. Na persistência da dor, além da medicação, o médico poderá recomendar um tamponamento sanguíneo peridural. Apesar do nome complicado, o procedimento nada mais é do que a extração de uma pequena quantidade de sangue do paciente e reinjeção no local onde sofreu a primeira punção. Esse procedimento aumenta temporariamente a pressão licórica e causa a sensação de alívio da dor.

Estudos médicos vêm evoluindo constantemente – inclusive na confecção de agulhas mais finas e precisas, que ajudam a evitar o potencial vazamento de líquidos e perda da pressão. No entanto, não há de fato como saber se o paciente será ou não acometido pela cefaléia pós-raquianestesia antes da cirurgia. A DG Medicina Perioperatória está constantemente investindo no ensino e na pesquisa para garantir a sua equipe médica a melhor capacitação e assistência ao paciente no pré, intra e pós operatório. Estamos certos de que a experiência geral e a segurança na equipe escalada são fatores importantíssimos para garantir ao paciente o maior conforto e bem-estar possível.