A raquianestesia, conhecida também por bloqueio subaracnóideo ou anestesia raquidiana, é a nomenclatura dada para a anestesia decorrente da aplicação de um anestésico local aliado a outras medicações adjuvantes no interior do espaço subaracnóideo.

Este procedimento leva ao bloqueio nervoso reversível das raízes anteriores e posteriores, dos gânglios das raízes posteriores e de parte da medula espinhal, podendo resultar em perda da atividade autônoma, sensitiva e motora, a depender da dose e da medicação escolhida pelo seu anestesiologista. A raquianestesia é indicada para diversas cirurgias na região abdominal e extremidades inferiores, sendo muito utilizada em cirurgias obstétricas (parto normal e cesariana), muitas vezes como técnica isolada, outras vezes combinada com anestesia geral e/ou sedação. Uma vez que a anestésico é introduzido no líquido cefalorraquidiano (líquor), para que a anestesia seja eficiente, é necessária somente uma pequena quantidade de anestésico local, sendo que esta é uma das grandes vantagens da anestesia raquidiana quando comparada com a peridural, pois, deste modo, o risco de uma intoxicação por anestésicos locais é quase nulo.

No entanto, este tipo de anestesia apresenta algumas desvantagens, sendo que a mais evidenciada é a cefaleia pós-punção (dor de cabeça causada em seguida à perfuração da dura-máter). Acredita-se que este sintoma seja causado pela diminuta abertura (“furinho”) que persiste por alguns dias na dura-máter após o procedimento anestésico, provocando perda de líquor do espaço subaracnóideo, desvantagem esta que teve sua incidência drasticamente reduzida com o uso de agulhas de menor calibre e, consequentemente, menos traumáticas, ganhando força entre os colegas anestesiologistas.

Algumas características desta técnica, como o excelente controle do nível de anestesia que proporciona ao paciente, a qualidade do bloqueio sensitivo e motor, quando desejado, e a segurança da técnica explicam por que este procedimento anestésico é um dos preferidos dos anestesiologistas do Brasil.

Na anestesia raquidiana, a agulha perfura todas as meninges (camadas protetoras da espinha e do cérebro), até chegar à medula espinhal, onde está o líquido cefalorraquidiano. Na peridural, o anestésico é aplicado antes. A agulha não chega a perfurar todas as meninges, propiciando um modelo de anestesia que chamamos de anestesia segmentar”, quando uma parte do corpo consegue ficar anestesiada, e todo o restante pode continuar com sua mobilidade e sensibilidade.

A melhor decisão da técnica a ser escolhida para uma cirurgia começa com uma boa consulta pré-anestésica, onde trocar-se-ão todas a informações da história clínica do paciente, informações a respeito de doenças prévias, medicações de uso rotineiro e manifestações pessoais do paciente para poder chegar no melhor propósito, que é dar ao nosso paciente a melhor experiência, a mais satisfatória possível, sem comprometer sua segurança e sua saúde.